AWS em queda - problemas operacionais que impactam softwares em todo o mundo

Anderson Previatti • 20 de outubro de 2025

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Para quem viveu a internet desde o tempo do barulho do modem discado, é quase simbólico ver o que aconteceu hoje. A nuvem, que prometia ser o ambiente mais estável e seguro do mundo digital, ficou instável.


A Amazon Web Services (AWS), base de grande parte da infraestrutura da internet moderna, enfrentou uma falha global que derrubou ou afetou diversos aplicativos e sites, mostrando que nem mesmo os gigantes estão imunes a problemas operacionais.


Entre os serviços que apresentaram falhas estão Snapchat, Fortnite, Venmo, Ring, Delta Airlines, Southwest Airlines, McDonald's, DoorDash, Amazon, Roblox, Zoom e Netflix.


A instabilidade foi relatada por portais como Reuters, The Guardian e Time, reforçando que a dependência da AWS tornou o impacto mundial.

A instabilidade da AWS em 2025 mostrou que até os gigantes da nuvem falham. Entenda como falhas operacionais impactam softwares e por que a engenharia ainda é essencial.

A falha da AWS e o efeito dominó digital

A instabilidade começou na região US-EAST-1, a mais movimentada da AWS, responsável por milhares de aplicações e sistemas corporativos nos Estados Unidos e em outros países.


A Amazon relatou “aumento de taxas de erro e latência” nos serviços principais, o que afetou desde servidores de aplicação até bancos de dados e autenticações.


O resultado foi um colapso em cascata:

  • O Snapchat ficou inacessível para milhões de usuários
  • Fortnite apresentou erros de login e matchmaking
  • Venmo e Robinhood sofreram lentidão em transações
  • Ring deixou residências inteligentes sem acesso remoto
  • Companhias aéreas como Delta e Southwest tiveram falhas em seus sistemas internos
  • Plataformas como Netflix, Zoom e DoorDash também registraram instabilidades


A falha foi global.


E, por algumas horas, o mundo percebeu o quanto a internet moderna está concentrada nas mãos de poucos provedores.


Problemas operacionais - o ponto cego da era digital

Quando falamos em falhas tecnológicas, a maioria pensa em bugs, erros de código ou sistemas mal programados.


Mas o que o episódio da AWS deixa claro é que as maiores falhas vêm das operações.


O software pode estar impecável, mas se a infraestrutura balançar, tudo quebra junto.


1. A infraestrutura é o chão invisível dos sistemas

Cada site, app ou API depende de uma base invisível feita de servidores, rede, armazenamento e processamento.


Quando um desses elementos falha, o software perde o chão.


E é justamente isso que vimos hoje: uma única região da AWS apresentou falhas e o mundo inteiro sentiu o impacto.


2. Dependência de provedores e a fragilidade da nuvem

Empresas de todos os tamanhos migraram suas operações para a AWS pela estabilidade e escalabilidade. Mas essa dependência cria um risco sistêmico.


Quando um provedor cai, milhares de sistemas ficam sem alternativas, porque foram arquitetados para “nunca cair”.


E o paradoxo é esse: a crença na perfeição gera a vulnerabilidade.


3. Engenharia de software é a linha entre o caos e a continuidade

A verdadeira engenharia de software vai muito além do código. Ela envolve arquitetura, segurança, resiliência e previsibilidade.


Quando um time decide abrir mão da estrutura em nome da velocidade, o custo vem depois - geralmente em forma de queda global.


Velocidade não é sinônimo de estabilidade

Nos últimos anos, a indústria do software se habituou ao mantra da entrega contínua: “entregue rápido, melhore depois”.


Mas, como na escrita, nem toda pressa cabe em uma frase. A vírgula é a pausa que dá sentido ao texto, e o ponto e vírgula é o respiro que garante continuidade com qualidade.


Na tecnologia, é o mesmo princípio.


A pressa em escalar, lançar e atualizar sem testar a operação cria softwares frágeis, dependentes e imprevisíveis.


O incidente da AWS mostra que não adianta construir sistemas velozes se o mundo onde eles vivem não suporta o ritmo.


O colapso invisível dos bastidores

Enquanto usuários viam mensagens de erro, engenheiros do mundo todo corriam em silêncio.


Logs sendo analisados, requisições redirecionadas, serviços sendo reiniciados.


Times inteiros tentando entender o que falhou e como contornar.


É nessa hora que percebemos o valor da engenharia silenciosa, aquela que ninguém vê, mas sustenta tudo.


Ela é o que separa um problema operacional de uma catástrofe digital.


O que podemos aprender com a queda da AWS

Cada falha dessa magnitude deixa lições valiosas. Não apenas técnicas, mas filosóficas para quem desenvolve e administra sistemas.


Nenhum sistema é infalível. Mesmo as maiores estruturas do planeta estão sujeitas a falhas.


Redundância é sobrevivência.


Projetos precisam ser multi-região e, quando possível, multi-provedor. Monitoramento contínuo é obrigação.


Não espere o usuário avisar. As máquinas já falam antes - se você souber ouvir.


Testes de caos são fundamentais. Simular falhas é a única forma de saber se o sistema realmente se recupera.


Cultura de engenharia é mais importante que ferramentas. A nuvem é só um meio. A qualidade está no processo, não no provedor.


Reflexão final - a nuvem também precisa de chão

Hoje, a internet provou que o conceito de “estar na nuvem” não significa estar imune.


A AWS, mesmo com toda sua infraestrutura colossal, mostrou que até as fundações mais modernas têm rachaduras.


Para quem desenvolve sistemas, a lição é clara: a engenharia é o que garante o amanhã.


A pressa entrega hoje, mas é o cuidado que sustenta o futuro.


E como Caio disse: "se a vírgula é a pausa da respiração", a arquitetura é o respiro da tecnologia.


A nuvem pode parecer infinita, mas sem estrutura, ela se desfaz no ar. E quando isso acontece, como vimos hoje, o silêncio digital ecoa no mundo inteiro.


E todos nós continuamos aprendendo com tudo isso...

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